7 March 2014

Stella

Você provavelmente já ouviu esse nome, talvez o sobrenome chame mais a atenção pelo eco de musica que ele ressoa automaticamente (ou quase isso): McCartney.

Stella McCartney, hoje, me faz suspirar quando o assunto é moda. Não pense em moda daquele jeito boboca e preconceituoso que é meio senso comum. Sejamos generosos e pensemos na moda como um termo guarda-chuva que abriga coisas como identidade, desejos, visualidade, gênero, artesanato, status, arte. (etc., ok?) Stella reúne em suas criações tudo isso, e um pouco mais, de forma quase uníssona no universo dos designers de marcas de luxo. O maior diferencial aos meus olhos leigos e apaixonados não é o corte, nem o tecido, nem o logo. Alias, as peças dela são perfeitas pra quem, como eu, não gosta de logos espalhados pelo corpo.

Stella não trabalha com couro, PVC, penas, peles... E fazer isso num contexto em que bolsas de couro são a marca registrada e cobiçada por 99% dos seus colegas de trabalho é ser uníssono não só no seu fazer, mas no seu viver também. Não vou entrar em méritos de carreira ou da influência que a Linda, sua mãe, teve nas suas escolhas. Mas apenas nos méritos de ver seu nome soar tão inspirador nesse mercado tão louco, tão cheio de escolhas que muitas vezes não te dão opção que não seja aquele rótulo-estilo fechado. As peças sob o design de Stella tem identidade, beleza, status E consciência. Um exemplo bobo? Suas bolsas vem com um cartão de autenticidade que dispensa explicações: Suitable for vegetarians [Próprio para vegetarianos]. O que esse cartão diz não é apologético ou politicamente engajado no sentido mais coxinha da palavra, ao contrário, ele diz pura e simplesmente ‘fiz minhas escolhas e construí meu trabalho e meus desejos sobre elas’. Ok, ‘continue sonhando, Gabi’, você me diz. Sim, continuarei.

Não importa que escolhas a gente faça, o que importa é o quanto a gente consegue viver sob elas e acompanhá-las, porque isso fará delas as escolhas mais afinadas com o que a gente é ou pretende ser.

***

You’ve probably heard this name a thousand times even if the surname is what sounds louder to your ears: McCartney.

Stella McCartney, today, makes me sigh when it comes to fashion design. But, hey, let’s not think of fashion in a narrow and somewhat stupid way here. Let’s be generous and think of fashion as an umbrella term followed by a bunch of interesting things like identity, visuality, desires, gender, handmade crafts, status, art and so on and so forth. Stella gathers in her designs all of the above in a unique way. The biggest ‘thing’ about her work, for me (pardon my non-arbitrary judgment) is not the cut, the textile, or the logo. By the way, if you’re not a fan of carrying logos around, like me, she’s got the perfect accessories.

She doesn’t work with leather, PVC, feathers, fur… E to be able to do that in a context where 99% of a brand’s masterpiece is a leather bag is exceptional, not to mention genius and a strong indication of personality. Ok, I won’t get into career merits or how Linda, her mom, (still) influences her. I’ll only take into account the merits of seeing a name that’s so inspiring for being totally unique in a context where it’s not rare to be influenced by standards and stereotypes – of all kinds, shapes, materials, etc. – that are so narrow minded. Stella’s designs have identity, beauty, status AND conscience! One silly example? Her bags come with an ‘authenticity’ card which says ‘Suitable for vegetarians’. What this card says is not apologetic or simply politically engaged in a shallow sense (as if the thought behind it could also be just another commodity). This card simply says: ‘I’ve made my choices and built my work based up them’. Oh yeah, ‘keep dreaming, Gabi’, you tell me. Yes, I’ll keep dreaming.

I guess it doesn’t matter what choices we make, what matters is how much we can actually cope with them and live and follow them, because that balance is what’s going to make them become what we are or intend to be.





Stella talking with Vogue.
PS: did you know that recently she reduced the prices of her bags to make them a bit more accessible? How cool is that?

No comments:

Post a Comment